Não se sente pena do Coringa, às vezes bem o contrário. Por isso o filme me pareceu patético em pelo menos dois níveis: o drama mexicano do personagem e a produção inteiramente clichêzada. Enquanto alguns criticaram o filme e isentaram o ator, nem mesmo isso concedo. Nenhuma das risadas convence, sejam provenientes do distúrbio ou não. A cena do talk show é ridícula: O JOKER seriamente julgando A VERDADE da sociedade (!) e fazendo valer por comédia um aparente excesso de crueldade, como se fosse absurda… Não, nada foi absurdo. O frenesi assassino é apenas empolgação e continua sendo retaliação. E retaliação é conciliação. O que é inconciliável e deixa tudo mais piegas (“please like me”) é terem apelado para a canção de Sinatra “That’s life”, essa sim absurda. Ouvir “subliminarmente” às mensagens de superação daquele happy tune a aleatoriedade da vida, alguns versos quiçá suicidas e um aparente deadline para julho é uma experiência estética muito mais perturbadora do que assistir a esse pastiche.