Eleições 2018 II

Respeitável público!

Seguem mais uns pensamentos, um pouquinho mais longos, sobre ele!

O Mito, o Bozo, o Coiso, Bolsonazi, esse grandiosissimo palhaço!!!

Com vocês:

BOLSOWITZel!!!

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A frase de Bolsonaro não vi, mas li primeiramente em um artigo de Vladimir Safatle do inicio de outubro:
“Eu sou um comediante, sempre fui.” (http://www.ihu.unisinos.br/…/583593-quando-voce-nao-acerta-…).

Depois li a frase “na íntegra”:
“Eu sou comediante, sempre fui, mas é momento de reflexão” (https://noticias.uol.com.br/…/haddad-e-bolsonaro-lideres-na…)

Essa frase é uma daquelas tiradas de mestre dita por quem a diz. Bolsonaro é um dos melhores comediantes brasileiros dos últimos anos. Isso é sério.

A própria frase nos convida à reflexão. Como começar a refletir sobre ela? Ora, Bolsonaro é um comediante, ele faz comedia, digamos, conta piadas. Mas a piada é feita e pronto. Soa estranho quando ela precisa ser justificada como piada ou quando quem a faz precisa justificar-se como comediante. E quando isso acontece geralmente é porque alguém não riu e então é preciso justificar que era uma brincadeira para diminuir o mal-estar.

Bolsonaro precisa se justificar porque as piadas que faz em cadeia nacional já não são apenas dirigidas a sua paróquia, ao seu grupo.

Para usar o esquema freudiano de “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905), as piadas de Bolsonaro às vezes são chistes (WITZ, em alemão), descargas mais ou menos involuntárias que compensam os recalques no inconsciente; e quase sempre são humor, uma rebeldia narcísica que compensa a despesa psíquica com os afetos. Ao não produzirem o efeito esperado, Bolsonaro se confessa comediante. Ele então pretende que seu humor seja, na verdade, da ordem da representação, do cômico.

A psicanálise mostra uma rica função do humor como porta criativa para a saída de lugares repetitivos ou alienados culminando na liberação, no rir de si mesmo, na abertura ao princípio do prazer. Mas o riso de si ainda pode continuar refém da neurose, de afetos ressentidos e da pulsão de morte.

A confissão de ser comediante é ambígua, pois ela desculpa, mas não retrata, e assim funciona sobretudo como álibi para a continuação. Na verdade, dizer-se comediante é mais uma piada humorística que desdenha do cômico e desdenha da desculpa. Conforme Adorno em “Minima Moralia” (1951): “O que há de diabólico no riso que soa falso é que ele parodia aquilo que há de melhor: a reconciliação”.

É exatamente nessa linha que vai a análise de Safatle em “Cinismo e falência da crítica” (2008). Ao não se levar mais a sério, o capitalismo bufão (Lyotard) mina a capacidade crítica ou no máximo realiza cinicamente a crítica e assegura a perpetuação de uma ideologia que se mostra como crença que não se acredita: “eu sou comediante”.

Como rebeldia de um ego ressentido, o humor de Bolsonaro é cinismo da pior espécie: a honestidade dos vulgares, afirma Nietzsche (Além do Bem e do Mal, §26).

Da mesma espécie é o cinismo do caso em que o delegado considerou a suástica rabiscada à faca na menina como suástica budista, símbolo do bem e da paz. Da mesma espécie é o cinismo de WITZel quando não demonstra nenhuma sensibilidade para com a morte de Marielle Franco e suas circunstâncias, classificando-a como um homicídio qualquer. WITZel não tem tanto talento como Bolsonaro, mas com certeza compartilha do mesmo humor.

Amanhã é eleição, amanhã não é piada, nem chiste (witz).
#ELESNÃO

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